No pequenino mundo de Kátia
No pequeno planeta de Kátia, onde ela faz tudo
finito, ela se arrasta em um apoucado apartamento, não é no centro da cidade, mas na periferia metropolitana, algum dia já
tentou ser feliz, não insistiu e foi recusada pelo marido que fugiu com outra mulher. Hoje, ela é uma mulher madura de 50
anos, que mora num cubículo em uma grande cidade. Às vezes ela olha a janela e vê os casais de namorados no muro escuro em
frente seu apartamento. Seu marido quando saiu pela porta disse-lhe:- Que nunca seria feliz com homem algum.
Ela não trabalha mais, vive de uma pequena aposentadoria
por tempo de serviço numa multinacional. Às vezes quando ela entra no banho e após se massagear-se com uma esponja umedecida
que vai passando sobre si, ela observa a água que cai sobre seu corpo, que jorra clara e depois de ser usada retrocede suja
na a terra. E num instante ela para, e reflete sobre sua vida. Onde estão seus lindos cabelos, suas lindas pernas, seios e
a sua vagina? Ainda abafada e pressionada por seu ex-marido em meio as suas pernas. Seu marido não retornou mais, constitui
família com filhos, mas, ela ainda sonha e espera que um dia ele entre por aquela porta e lhe peça perdão. No pequeno mundo
de Kátia, ela sonha e dramatiza guardando-o num envelope lacrado. No miserável mundo de Kátia seus objetos nunca mais serão
usados. Kátia já recebeu propostas, mas as considerou obscenas, só pediram-lhe que abrisse a porta para ver a luz. Kátia insiste
no seu pequeno mundinho. Não vê as borboletas que sofrem a metamorfose, e ignora as dama-da-noite a exalar seu perfume, desconhece
o acasalamento das aranhas. No seu mundinho ela permanece trancada, condenada ao verídico de seu ex-marido continua ali.
Obra Protegida (D.A Reservados- Lei 9.610 de 19/02/1998)
Nasci Mulher
Nasci mulher formosa, não para lavar roupas,
Trabalhar em fabricas, nem visitar linhas de produção,
Carregar sacolas, criar filhos, trocar fraudas,
Tecer fios, agüentar marido ou limpar chão
Minhas mãos são macias, fui anistiada do pecado
original
Não preciso fazer sacrifícios em academias de
ginásticas
Ou emagrecer para explorada e vender roupas de
grife
Minha presença justifica sempre um grande evento,
nasci perfeita.
Minha originalidade fria porque só vejo o essencial
Só os vitoriosos me obtêm e me apropriam,
Estive no Edem, mudei o destino de Sansão e Adão
Fui oferecida a Jacó e Davi, mas vivi com Salomão
Apareço sempre ao lado de produtos prontos de
valor ou grandes de construção
Meu lugar é ao lado de grandes vendas de carros
importados, iate ou avião
Políticos com grandes porcentagens na pesquisa
de votos em época de eleições e
Complementado a obra bem feita onde muitos só
podem ver, e pobre nem por a mão.
Obra Protegida (D.A Reservados- Lei 9.610 de 19/02/1998)
Senhora
Senhora não pense que sou estúpido,
ou que estou à mercê de suas vaidades.
Distingo teus pensamentos e tuas cobiças
Suas pretensões, sei santa nunca foi.
Seus bel-prazeres quando não alcançados,
seu corpo brada, enseja e denuncia-te.
Nos crepúsculo a procurar o coito e a carne fresca
Digo-te:- As punições da luxuria também levam
ao prazer.
Sua boca macia e suculenta que atrela
esperando e transpondo em desejos.
Corpo feito para a improbidade e dar prazer.
Sei que tu matas os homens fracos, senão
os reduz a punição de miséria.
E faz também perversão os sinceros e fieis.
Enlouqueci os sadios, por isso quero-te
ensinar-te-ei quem é o teu macho dominador.
Teu idioma já conheço e terei com certeza,
teus mais belos carinhos e juras de amor.
Obra Protegida (D.A Reservados- Lei 9.610 de 19/02/1998)
Ai do meu povo!
Entrei no salão, com a roupa amarrotada,
e os sapatos sujos da vermelha terra, a
aparência é abatida como a de um caipira
que chega do trabalho do roçado.
Mãos cheias de calos dos latifúndios
As palavras são mal soletradas
Mescladas com Tupi guarani e I Love you
Não tenho os direitos de minha terra
Meu povo é simples, acostumado nas beira dos rios
a
Construir suas cabanas, só eu vivo na ilusão
Alcançar fronteiras, por isso sinto as saudades
Da mãe, e dos irmãos de sangue
Meu canto é triste porque minha mãe é ingênua
Minha casa é grande, mas não tem janela ou portas
Cadê meus rios, e as matas e aqueles corações
quentes
Onde estão meus defensores?
Obra Protegida (D.A Reservados- Lei 9.610 de 19/02/1998)